Embora culturas de inverno como o trigo, muitas vezes não sejam consideradas culturas principais de sistemas de produção agrícola, elas podem exercer importante papel econômico e sustentável. Além de possibilitar o manejo de determinadas plantas daninhas, pragas e doenças de difícil controle na soja, o trigo pode trazer retorno econômico para a propriedade agrícola.
Para garantir a boa produtividade da cultura e a rentabilidade do cultivo, deve-se atentar para o manejo e controle de agentes que possam causar redução da produtividade e/ou qualidade do trigo produzido. Dentre esses agentes, algumas doenças se destacam, umas mais conhecidas e outras nem tanto, a exemplo do carvão do trigo.
O carvão do trigo é causado pelo fungo Ustilago tritici cujo desenvolvimento é favorecido por temperaturas médias variando entre 15 °C a 22 °C, com chuvas leves ou orvalho. A doença acomete principalmente as espigas do trigo, onde no lugar dos grãos e das glumas desenvolve-se uma massa de esporos de coloração marrom-escura a negra, formada por teliósporos.
Embora atualmente a doença apresente pouca importância econômica, principalmente pela resistência genética de novas cultivares, no passado já foram registradas incidências de 17% a 22% em lavouras nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná, em que há relatos de danos na produção do trigo variando entre 24% a 40%.
Conforme destacado o fungo causador da doença pode sobreviver em sementes infectadas de trigo, em forma de micélio dormente no embrião. A doença é monocíclica e normalmente as espigas das plantas infectadas emergem antes das espigas das plantas sadias. Após a ruptura da membrana da massa de esporos, os esporos são dispersos e disseminados pelo vendo, infectando planta sadias durante o período reprodutivo da cultura.
Texto: Michel Taques – Desenvolvimento de Mercado Ballagro