Texto escrito pelo: time de Desenvolvimento de Mercado Ballagro.
Além dos desafios climáticos que o produtor rural vem enfrentando nos últimos anos, algumas pragas têm ganhado importância influenciando diretamente na produtividade da lavoura. Uma delas é a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) que começou a aparecer no ano de 2018 e tem se tornado cada vez mais presente nas lavouras de milho do Mato Grosso do Sul.
Uma praga com alto potencial de ano, não por seu dano direto que é a sucção de seiva, mas por ser transmissora de microrganismos do grupo dos Mollicutes (Spiroplasma kunkelii phytoplasma e Maize Bushy Stunt phytoplasma) causadores dos enfezamento pálido e vermelho que podem comprometer até 70% da produtividade do milho, tendo como principais danos e sintomas a redução do tamanho da planta, redução na produção de fotoassimilados, enfraquecimento do colmo e secamento precoce da planta, encurtamento dos entrenós, e multiespigamento com espigas mal formadas e grão chocho.
Mas por que esses danos são tão expressivos?
Os danos por enfezamento aparecem somente quando a planta entra no estádio reprodutivo, refletindo o controle não realizado da cigarrinha no início da cultura. Recomenda-se que o controle seja feito no início da emergência até v10, para minimizar os danos que aparecerão lá na frente. Nem toda cigarrinha carrega o microrganismo, no nosso estado por exemplo, segundo dados de instituições de pesquisa a incidência de enfezamento ainda é baixa, porém não temos como diferenciar cigarrinhas infectadas de não infectadas a nível de campo, sendo assim, o controle do inseto se torna indispensável.
Com nosso clima favorável ao seu desenvolvimento e por se tratar de uma praga com alto poder migratório, a utilização de apenas uma estratégia de controle não se torna eficiente. A cigarrinha pode se hospedar em outras culturas mas seu ciclo se faz completo apenas em plantas de milho, onde cada fêmea é capaz de pôr de 400 a 600 ovos com um período de incubação de 10 dias, e capacidade de sobreviver na fase adulta de até 2 meses.
A primeira ferramenta a ser adotada deve ser a eliminação do milho tiguera, que fica na lavoura de uma safra para outra se tornando uma ponte verde, servindo de alimento para a cigarrinha continuar se desenvolvendo. Procurar utilizar materiais que sejam resistentes aos enfezamentos, evitar semeaduras tardias, realizar o tratamento de sementes para proteger as plântulas, e em parte aérea realizar aplicações de inseticidas.
A utilização de inseticidas químicos é eficiente, mas com um baixo período residual, necessitando de reentradas na área a cada quatro dias mais ou menos. Uma alternativa para aumentar o período residual, controlar melhor essa população e aumentar o intervalo entre as entradas é a associação de produtos químicos com biológicos.
O produto biológico mais utilizado hoje para realização do manejo de cigarrinha-do-milho é a base de um fungo chamado Beauveria bassiana, a Ballvéria que compõe nosso portfólio, que age causando uma doença no inseto diminuindo sua mobilidade, cessando sua alimentação e levando-o a morte.